domingo, 5 de novembro de 2017

À SOMRA DESTA MANGUEIRA (PAULO FREIRE)
Este livro se estrutura de forma a expressar a visão de mundo de Paulo Freire, a politica em geral e os valores por ele, claramente defendidos durante sua vida de educador.
A sua mensagem vai brotando de valores  e conceitos que, ora se antepõem como: solidão e comunhão, suporte e mundo, esquerda e direita, neoliberais e progressistas, seriedade e alegria,..ora se conjugam como esperança, dialogicidade e solidariedade.
Com base no conceito de solidariedade humana, Paulo Freire vai discorrer sobre a substantividade do estar com. Estar no mundo implica, necessariamente, estar com o mundo e com os outros. É dentro do contexto histórico social, cultural que se faz a comunicação e a intercomunicação, sendo que estas asseguram a compreensão do mundo. 
As relações entre consciência e mundo são mútuas, naturalmente dialéticas. O fato do ser humano estar no e com o mundo implica em domínio de processos de refletir, avaliar, programar, investigar, transformar, mas sempre à luz de fins, valores propostos. Nesse sentido, ele não é somente razão, é um ser humano completo, 
A História não é uma entidade superior que nos possui(visão idealista) e nem pode ser reduzida a objeto de nossa manipulação (visão mecanicista).Ela é posssibilidade e não determinismo. O futuro se constitui como uma necessidade histórica, implica em continuidade. A esperança é uma exigência ontológica dos seres humanos, é possibilidade que precisamos criar, dentro das condições históricas existentes. Freire, autodenominando-se “otimista crítico” e não “ingênuo”, critica afirmações de intelectuais considerados por ele fatalistas, de que nada se consegue fazer frente às conseqüências nefastas da globalização da economia atual no mundo, de que não podem ser transpostos os obstáculos que esse novo tempo coloca à libertação.
 Para ele, a prática educativa deve basear-se na leitura do contexto e do mundo, não só na leitura estrita da palavra e do texto. O autor combate também as políticas públicas do país por serem assistencialistas: elas naturalizam as deficiências, reforçam a visão fatalista do mundo; teriam que expressar a importância do social, do econômico, do político. O sonho de Freire é que as classes populares tenham voz, participem do cenário histórico, político e social brasileiro. Para a superação dos horrores a que estão sujeitas (fome, miséria, autoritarismo, violência), há necessidade de “decisão política, mobilização popular, organização, intervenção política e liderança lúcida, democrática esperançosa, coerente, tolerante” (p. 36)
Ao falar sobre tolerância, considera que esta comporta um aprendizado, que envolve outras pessoas: os diferentes e os antagônicos. A tolerância é a maneira aberta de se conviver com o diferente, aprendendo com ele a lutar melhor contra o antagônico. 

 Na compreensão da História como possibilidade, é preciso que nós construamos o amanhã a partir da transformação do hoje; é preciso reinventar o mundo. Nessa tarefa a educação é indispensável para formar homens e mulheres que respondam rapidamente às exigências do mundo atual, desenvolvendo capacidades de constatar, comparar, optar e agir. Na educação democrática, é fundamental que professores e alunos tenham uma postura dialógica, isto é, aberta, curiosa, investigativa.