À SOMRA DESTA MANGUEIRA (PAULO FREIRE)
Este livro se estrutura
de forma a expressar a visão de mundo de Paulo Freire, a politica em geral e os
valores por ele, claramente defendidos durante sua vida de educador.
A sua mensagem vai
brotando de valores e conceitos que, ora
se antepõem como: solidão e comunhão, suporte e mundo, esquerda e direita,
neoliberais e progressistas, seriedade e alegria,..ora se conjugam como esperança,
dialogicidade e solidariedade.
Com
base no conceito de solidariedade humana, Paulo Freire vai discorrer sobre a
substantividade do estar com. Estar no mundo implica, necessariamente, estar
com o mundo e com os outros. É dentro do contexto histórico social, cultural
que se faz a comunicação e a intercomunicação, sendo que estas asseguram a
compreensão do mundo.
As
relações entre consciência e mundo são mútuas, naturalmente dialéticas. O fato
do ser humano estar no e com o mundo implica em domínio de processos de
refletir, avaliar, programar, investigar, transformar, mas sempre à luz de
fins, valores propostos. Nesse sentido, ele não é somente razão, é um ser
humano completo,
A
História não é uma entidade superior que nos possui(visão idealista) e nem pode
ser reduzida a objeto de nossa manipulação (visão mecanicista).Ela é
posssibilidade e não determinismo. O futuro se constitui como uma necessidade
histórica, implica em continuidade. A esperança é uma exigência ontológica dos
seres humanos, é possibilidade que precisamos criar, dentro das condições
históricas existentes. Freire, autodenominando-se “otimista crítico” e não
“ingênuo”, critica afirmações de intelectuais considerados por ele fatalistas,
de que nada se consegue fazer frente às conseqüências nefastas da globalização
da economia atual no mundo, de que não podem ser transpostos os obstáculos que
esse novo tempo coloca à libertação.
Para
ele, a prática educativa deve basear-se na leitura do contexto e do mundo, não
só na leitura estrita da palavra e do texto. O autor combate também as
políticas públicas do país por serem assistencialistas: elas naturalizam as
deficiências, reforçam a visão fatalista do mundo; teriam que expressar a
importância do social, do econômico, do político. O sonho de Freire é que as classes
populares tenham voz, participem do cenário histórico, político e social
brasileiro. Para a superação dos horrores a que estão sujeitas (fome, miséria,
autoritarismo, violência), há necessidade de “decisão política, mobilização
popular, organização, intervenção política e liderança lúcida, democrática
esperançosa, coerente, tolerante” (p. 36)
Ao
falar sobre tolerância, considera que esta comporta um aprendizado, que envolve
outras pessoas: os diferentes e os antagônicos. A tolerância é a maneira aberta
de se conviver com o diferente, aprendendo com ele a lutar melhor contra o
antagônico.
Na
compreensão da História como possibilidade, é preciso que nós construamos o amanhã
a partir da transformação do hoje; é preciso reinventar o mundo. Nessa tarefa a
educação é indispensável para formar homens e mulheres que respondam
rapidamente às exigências do mundo atual, desenvolvendo capacidades de
constatar, comparar, optar e agir. Na educação democrática, é
fundamental que professores e alunos tenham uma postura dialógica, isto é,
aberta, curiosa, investigativa.
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