sábado, 16 de setembro de 2017

EDUCAÇÃO INCLUSIVA
          A Sociedade, em todas as culturas, atravessou diversas fases no que se refere às práticas sociais. Ela começou praticando a exclusão social de pessoas que, por causa das condições atípicas, não lhe pareciam pertencer à maioria da população. Em seguida, desenvolveu o atendimento segregado dentro de instituições, passou para a prática da integração social e recentemente adotou a filosofia da “inclusão” social para modificar os sistemas sociais gerais. Essas fases não aconteceram ao mesmo tempo para todos os segmentos populacionais. Ainda hoje vemos a exclusão e a segregação sendo praticadas em relação a diversos grupos sociais vulneráveis, em várias partes do Brasil, assim como em praticamente todos os outros países. Mas também vemos a tradicional integração dando lugar, gradativamente, à “inclusão”
          A inclusão tem por objetivo a construção de uma sociedade para todas as pessoas, sob a inspiração de novos princípios, dentre os quais destacam-se: celebração das diferenças, direito de pertencer, valorização da diversidade humana, solidariedade humanitária, igual importância das minorias, cidadania com qualidade de vida. Muito antes de alguns movimentos internacionais e nacionais adotarem oficialmente a idéia de uma sociedade inclusiva, profissionais espalhados pelo mundo se articulavam em busca de estratégias que dessem às pessoas com necessidades especiais uma vida mais digna.
         O princípio fundamental da escola inclusiva consiste em que todas as pessoas devam aprender juntas, onde quer que isto seja possível, não importam quais dificuldades ou diferenças elas possam ter. As escolas inclusivas precisam reconhecer e responder às necessidades diversificadas de seus alunos, acomodando os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando educação de qualidade para todos, mediante currículos apropriados, mudanças organizacionais, estratégias de ensino, uso de recursos e parecerias com suas comunidades:
A meta principal da inclusão é a de não deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo. As escolas inclusivas propõem um modo de se constituir o sistema educacional que considera as necessidades de todos os alunos e que é estruturado em virtude dessas necessidades (MANTOAN, 1997, p. 145).

          A terminologia que designa a pessoa com necessidades especiais vem passando por mudanças ao longo dos anos. Na verdade, o primeiro termo adotado foi “excepcional”, depois “pessoa deficiente”, “pessoa portadora de deficiência”, “pessoa portadora de necessidades especiais”; hoje “pessoa com necessidades educativas especiais”. Tais designações restringem-se muito ao âmbito da Educação. O termo deficiente implica não ser eficiente: esta conotação é muito forte, principalmente numa sociedade como a nossa, onde o modo de produção é o capitalista, em que são muito exigidas a eficiência e a produtividade. Nesse sentido, podemos constatar que essas mudanças de terminologia não minimizaram a questão da marginalização social desses indivíduos.
(APRENDER - Cad. de Filosofia e Pisc. da Educação - Vitória da Conquista, AnoII, n. 2, p. 79-91, 2004)





sexta-feira, 8 de setembro de 2017

                               IMPACTO DAS MIDIAS NA VIDA HUMANA

“Nós temos a chance de uma virada. Vou usar uma palavra mais difícil: epistemologia do século 21 em que o conhecimento atingiu um novo patamar de validação. Temos a chance, mas isso ainda não ocorreu. Nós não estamos brilhantes ou mais produtivos do que há trinta anos. Apenas estamos incrivelmente mais ocupados com o mundo virtual.”
                       (Trecho de entrevisthttp://www.portalraizes.com/leandro-karnal-shakspeare-facebook/a )

        Atualmente as pessoas passam mais tempo na internet do que se comunicando pessoalmente com outras pessoas. Refletir sobre os impactos das redes sociais na vida pessoal é importante para não se deixar levar pelo mundo virtual apenas e se isolar do mundo real.
         O mundo virtual tomou conta da vida das pessoas. As redes sociais mais do que nunca fazem parte da rotina de muita gente, chegando mesmo a trazer problemas de relacionamento, comunicação e administração do tempo.
        Não dá mais para viver sem a comunicação virtual, pois as informações estão nas mãos de todos de forma instantânea. Todos os dias surgem novos equipamentos e softwares que transformam a rotina de crianças, jovens, adultos e também dos idosos, que descobriram a internet como um meio de terem mais atividades e se comunicarem com seus familiares que moram em lugares distantes
.   Existem muitos fatores positivos na utilização das redes sociais, como por exemplo, a troca rápida de informações, a atualização em tempo real do que acontece em todos os setores (acadêmicos comerciais e empresariais). O Facebook possibilitou o reencontro de amigos, familiares e colegas da época de estudante. Através dessa rede social as pessoas curtem, comentam, postam e se divertem com as piadas, vídeos, charges e muitas outras formas de comunicação. O Skype consegue encurtar a distância entre familiares, amigos, namorados, sendo também atualmente utilizado pelas empresas para entrevistas de seleção de pessoas. O WhatsApp se transformou na maior comunidade virtual na qual se postam fotos, vídeos e mensagens de maneira instantânea, conectando diversas pessoas ao mesmo tempo.
       São diversos os aspectos positivos da comunicação virtual, porém, o uso excessivo ou indiscriminado da internet, juntamente com as redes sociais, podem trazer resultados negativos nas relações pessoais, na comunicação com o ambiente externo, além do mau desempenho profissional. O impacto negativo é tão grande que algumas posturas diante desse tipo de comunicação já são consideradas como as grandes “sabotadoras do tempo”, tendo em vista que qualquer ruído de notificação no smartphone tira imediatamente a concentração das pessoas nas atividades que possam estar realizando. Outro fator que deve ser levado em consideração é o perigo da falta de socialização devido ao uso indiscriminado das redes sociais. 



sábado, 2 de setembro de 2017

Carolina Maria de Jesus, a catadora de letras

A escrita de Carolina Maria de Jesus é sua forma de se recusar a ser “despejo” em uma sociedade desigual que a empurrou para a miséria

Carolina Maria de Jesus foi uma das escritoras brasileiras mais expressivas, traduzida para mais de dez idiomas. No Japão, o livro ganhou o título de Karonina nikki, algo como O Diário de Carolina.
Quarto de Despejo foi seu maior sucesso, mesmo assim não é tarefa das mais fáceis encontrá-lo nas livrarias; é mais provável que seja encontrado nos sebos. 
Não por acaso só recentemente pude descobrir sua história e sua escrita: se o trabalho das escritoras é geralmente subvalorizado e apagado, o trabalho de uma escritora negra, pobre e favelada encontra ainda mais dificuldades para superar a barreira da invisibilidade. 
Catadora de lixo e moradora da favela do Canindé, em São Paulo, na segunda metade da década de 50, Carolina usava os cadernos que encontrava no lixo para escrever sobre seu cotidiano e pensamentos. Virou um diário que passou a ser publicado num jornal; há inclusive trechos em que os vizinhos vêm tirar satisfação com ela sobre algo que ela escreveu. 
O quarto de despejo surge como uma metáfora para a desigualdade que estabelece seu papel e sua posição nessa história: ela aponta que, enquanto o centro da cidade é a sala de visitas, a favela é o quarto onde se joga o indesejável, o entulho, tudo aquilo que se quer esconder. Sua escrita, no entanto, é sua forma de se recusar a ser “despejo”, a ser “resto”.  
Sua voz é marcante não pelos “erros” gramaticais preservados pela edição (o que aliás me deixou a dúvida: isso teria sido uma forma de respeitar sua escrita, de mostrar que o texto tem valor independente de “norma culta”, de apontar que ela não precisa ser corrigida ou transformada em algo dentro do padrão, ou seria uma forma de apresentar uma escrita “autenticamente de favelado”? Realmente, não sei), mas sim pela sensibilidade para os detalhes normalmente desprezados pelo nosso olhar. 
                          APRENDIZAGEM HUMANA SEGUNDO BECKER


... o processo mais fundamental de toda conduta de aprendizagem consiste em que o sujeito aprenda a aprender (apud Inhelder, Bovet, Sinclair, 1977, p.116).
Aprendizagem é um processo de mudança de comportamento obtido através da experiência construída por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais. Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio ambiente
Para Fernando Becker, é preciso que a escola pública aprenda e mude muito. O fundamental dessa aprendizagem, disse com exclusividade à IHU On-Line, em entrevista concedida por e-mail, é que "não se aprende porque se repete". Em seu ponto de vista, alicerçado nas teorias de Jean Piaget, considerado como o Einstein da Psicologia, o que vale é o contrário: se repete porque se aprendeu. "A repetição só é legítima quando se compreendeu um conteúdo qualquer. A escola continua cometendo esse equívoco de achar que a repetição, por si só, produz aprendizagem, mesmo quando se repete algo que não se compreendeu. Esse equívoco custa muito caro, pois despende as preciosas energias dos alunos que poderiam agir, cada vez com mais autonomia, sobre os conteúdos, potencializando sua aprendizagem, e do professor que as despende com arroubos disciplinares - controle de comportamento -, pois os alunos não suportam repetir o que não lhes faz sentido". Ele continua: "A atividade da escola deve transformar-se a partir do princípio de que o aluno é um centro de atividade, e não um receptáculo vazio a ser preenchido de conteúdos, freqüentemente sem sentido. Simplificando, a escola precisa transforma-se cada vez mais em laboratório, e ser cada vez menos auditório"
O grande desafio do século XXI, pelo menos do início deste século, é o de transformar o ensino na medida do processo de aprendizagem, e esta na medida do processo de desenvolvimento do conhecimento humano. A atividade da escola deve transformar-se a partir do princípio de que o aluno é um centro de atividade, e não um receptáculo vazio a ser preenchido de conteúdos, freqüentemente sem sentido. Simplificando, a escola precisa transforma-se cada vez mais em laboratório, e ser cada vez menos auditório. Os agentes dessa transformação são, em primeiríssimo lugar, os professores. Isso demanda uma formação docente de grande envergadura. O professor precisa aprender a ensinar pela atividade do aluno. O aluno que não age sobre um conteúdo qualquer, não consegue aprender esse conteúdo, muito menos transformar sua capacidade de aprendizagem, ampliando-a. Isto é, uma escola ativa não só ajuda o aluno a aprender, mas a se desenvolver, isto é, a aumentar sua capacidade de aprender; ou, como lembra Piaget, a aprender a aprender. Aliás, Piaget tem muito a dizer para esse processo de formação docente.