História,
conceito e tipos de deficiência
Izabel Maior
A deficiência é um conceito em
evolução, de caráter multidimensional e o envolvimento da pessoa com
deficiência na vida comunitária depende de a sociedade assumir sua
responsabilidade no processo de inclusão, visto que a deficiência é uma
construção social. Esse novo conceito não se limita ao atributo biológico, pois
se refere à interação entre a pessoa e as barreiras ou os elementos
facilitadores existentes nas atitudes e na provisão de acessibilidade e de
tecnologia assistiva. Em outras palavras, o conceito de pessoa com deficiência
que consta na Convenção supera as legislações tradicionais que normalmente
enfocam o aspecto clínico da deficiência. As limitações físicas, mentais,
intelectuais ou sensoriais passam a ser consideradas atributos das pessoas, atributos
esses que podem ou não gerar restrições para o exercício dos direitos,
dependendo 3 das barreiras sociais ou culturais que se imponham aos cidadãos
com tais limitações (FONSECA, 2007).
“Deficiências e Diferenças”.
Ao não valorizar a diferença,
atribuímos rótulos às pessoas, que muitas vezes as inferiorizam, destacando
apenas um de seus atributos e nem sempre de forma elogiosa. Elas são
identificadas e reduzidas a uma única característica. Assim, a exclusão é
imposta por uma sociedade supostamente feita para pessoas “normais” – seja lá o
que isso quer dizer…
Ao longo da História – e até hoje
– pessoas com deficiência têm sido segregadas, discriminadas, isoladas. Também
foram aceitas e ocuparam cargos e funções nos seus grupos. Sobreviveram a
guerras, a preconceitos e a catástrofes naturais. A tecnologia tem sido uma
aliada importante, abrindo possibilidades até então inimaginadas; os Direitos
Humanos inspiraram leis, princípios e posturas de aceitação e, mais do que
isso, de valorização do outro como ele é.
Portanto, a deficiência é relacional,
como definiu Izabel, com precisão; ela não é o aspecto biológico, mas sim o
resultado da interação indivíduo/sociedade.
###Logo
que fui nomeada no Estado há dezessete anos, tive a experiência de receber por
algumas semanas um aluno surdo e mudo na segunda série, foram semanas pois
mudou-se de cidade em seguida. Pra mim foi assustador, porque não tinha
experiência, não sabia a língua dos sinais, a escola também não tinha nenhuma
estratégia para ajudar a criança e a mim. Me senti totalmente perdida, e muito
mal, pois via aqueles olhinhos me olhando esperando algo de mim, da escola e eu
tentava por gestos me comunicar de alguma maneira com ele. Foi um experiência
de impotência.