MÉTODO
CLINICO PIAGETIANO
Quando
Piaget inicia suas investigações sobre o pensamento infantil, havia uma
concepção rígida sobre o sistema de avaliar e classificar os níveis de
inteligência das crianças (BAMPI, 2006) e isto inquietou o pesquisador suíço,
levando-o a desenvolver um método de pesquisa peculiar, que foi caracterizado e
nomeado por ele de Método Clínico.
O
método piagetiano é clínico no sentido de ir além do óbvio, da resposta
estereotipada, buscando compreender o ponto de vista da análise do sujeito. As
características gerais das explicações, a maneira como o indivíduo resolve os
problemas apresentados, como chega às suas explicações, buscando também
perceber se guarda coerência, se manifesta contradições, e também, de forma
mais peculiar, o que há de criatividade nas respostas, mas, ainda assim, sem
afastar-se do sujeito epistêmico.
As
pesquisas de Jean Piaget estavam voltadas para o estudo da gênese e das
estruturas do conhecimento. A indagação sobre como o ser humano constrói seu
conhecimento acerca do mundo, saindo de um estágio de inteligência inferior
para outro superior, movimentou seus interesses de pesquisa, culminando na
estruturação da teoria da Epistemologia Genética.
Segundo
o próprio Piaget (1926/1982), trata-se de um método misto, uma vez que resume
elementos da observação, da experimentação e de testes ou questionários
abertos: [...] consiste sempre em conversar livremente com o sujeito, em vez de
limitá-lo às questões fixas e padronizadas. Ele conserva assim, todas as vantagens
de uma conversação adaptada a cada criança e destinada a permitir-lhe o máximo
possível de tomada de consciência e de formulação de suas próprias atitudes
mentais (p. 176).
Piaget (1985, p. 51) reafirma o
resultado do seu trabalho baseado em pesquisas:
Cinqüenta
anos de experiências fizeram-nos saber que não existem conhecimentos
resultantes de um registro simples de observações, sem uma estruturação devida
às atividades do sujeito. Mas também não existem (no homem) estruturas
cognitivas a priori ou inatas: só o funcionamento da inteligência é hereditário
e só engendra estruturas por uma organização de ações sucessivas exercidas
sobre objetos. Daqui resulta que uma epistemologia conforme com os dados da
psicogênese não poderia ser nem empirista nem pré-formista, mas consiste apenas
num construtivismo, com a elaboração contínua de operações e de estruturas
novas. 0 problema central é, então, compreender como se efetuam estas criações
e por que razão, visto resultarem de construções não pré-determinadas, se podem
tomar logicamente necessárias, durante o desenvolvimento.
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