sexta-feira, 27 de outubro de 2017

                                                MÉTODO CLINICO PIAGETIANO

Quando Piaget inicia suas investigações sobre o pensamento infantil, havia uma concepção rígida sobre o sistema de avaliar e classificar os níveis de inteligência das crianças (BAMPI, 2006) e isto inquietou o pesquisador suíço, levando-o a desenvolver um método de pesquisa peculiar, que foi caracterizado e nomeado por ele de Método Clínico.
O método piagetiano é clínico no sentido de ir além do óbvio, da resposta estereotipada, buscando compreender o ponto de vista da análise do sujeito. As características gerais das explicações, a maneira como o indivíduo resolve os problemas apresentados, como chega às suas explicações, buscando também perceber se guarda coerência, se manifesta contradições, e também, de forma mais peculiar, o que há de criatividade nas respostas, mas, ainda assim, sem afastar-se do sujeito epistêmico.
As pesquisas de Jean Piaget estavam voltadas para o estudo da gênese e das estruturas do conhecimento. A indagação sobre como o ser humano constrói seu conhecimento acerca do mundo, saindo de um estágio de inteligência inferior para outro superior, movimentou seus interesses de pesquisa, culminando na estruturação da teoria da Epistemologia Genética.
Segundo o próprio Piaget (1926/1982), trata-se de um método misto, uma vez que resume elementos da observação, da experimentação e de testes ou questionários abertos: [...] consiste sempre em conversar livremente com o sujeito, em vez de limitá-lo às questões fixas e padronizadas. Ele conserva assim, todas as vantagens de uma conversação adaptada a cada criança e destinada a permitir-lhe o máximo possível de tomada de consciência e de formulação de suas próprias atitudes mentais (p. 176).
Piaget (1985, p. 51) reafirma o resultado do seu trabalho baseado em pesquisas:
Cinqüenta anos de experiências fizeram-nos saber que não existem conhecimentos resultantes de um registro simples de observações, sem uma estruturação devida às atividades do sujeito. Mas também não existem (no homem) estruturas cognitivas a priori ou inatas: só o funcionamento da inteligência é hereditário e só engendra estruturas por uma organização de ações sucessivas exercidas sobre objetos. Daqui resulta que uma epistemologia conforme com os dados da psicogênese não poderia ser nem empirista nem pré-formista, mas consiste apenas num construtivismo, com a elaboração contínua de operações e de estruturas novas. 0 problema central é, então, compreender como se efetuam estas criações e por que razão, visto resultarem de construções não pré-determinadas, se podem tomar logicamente necessárias, durante o desenvolvimento.


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